A CPI, a covid, o genocida e o covarde

Enquanto senadores investigam na CPI a atuação do governo durante a pandemia, o general Pazuello, ex-ministro da Saúde, age como um covarde e faz de tudo para fugir do depoimento.

A CPI, a covid, o genocida e o covarde

Eduardo Pazuello, o general que tenta fugir da guerra da CPI. Valter Campanato/Agência Brasil

Paulo Augusto Neto

Há quase 80 anos, cerca de 25 mil militares brasileiros foram enviados para o front de guerra na Europa, mais precisamente para a Itália, onde, ao lado das tropas dos Estados Unidos, ajudaram a libertar o país do jugo nazifascista. Controvérsias à parte, existentes acerca da missão da Força Expedicionária Brasileira (FEB), temos no episódio um simbolismo do que seria a “bravura” do Exército que tanto se busca pregar em relação à missão das Forças Armadas. Algo bem distante do que vemos hoje, em meio a uma CPI, uma pandemia de covid e um covarde general fujão.

As Forças Armadas como um todo e o Exército em particular têm uma enorme parcela de participação no governo genocida de Jair Messias Bolsonaro. O presidente que, ironicamente, foi expulso da caserna quando era capitão, no final dos anos 1980, por conspiração. Apesar disso, sempre se colocou como um defensor da instituição, desde o princípio de sua vida política.

Eis que a pandemia de covid19, a mais mortal dos últimos cem anos, aparece justamente quando o país tem o azar de ter Bolsonaro como presidente. Inicialmente, a bravura foi trocada pelas bravatas do capitão. Os atos heróicos, supostamente dignos dos militares, foram trocados pelos berros e palavrões típicos de oficiais aos jovens quando recém incorporados às Forças Armadas. Como se o Brasil fosse formado por 240 milhões de recrutas diariamente submetidos à humilhação e ao desdém de seu comandante.

O show de desdém, bravatas e humilhações por parte de Bolsonaro provocou, até meados de maio de 2021, cerca de 230 mil brasileiros mortos pela pandemia. Porém, sejamos justos, na base do “um manda, o outro obedece”, o capitão teve um braço direito à altura no genocídio. Mais precisamente um general, de nome Eduardo Pazuello. Juntos, Bolsonaro e Pazuello enviaram os brasileiros para a guerra. Sem uso de máscaras, sem vacinas, sem isolamento social, sem medicamento com eficácia comprovada. Como se os pracinhas fossem enviados para a Itália sem treinamento, sem armas, sem munição. E sem, ao menos, uma maleta de pronto-socorros.

Obviamente, o escárnio dessa gestão teria consequências. Ainda que tardiamente, nasceu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as ações do governo durante a pandemia. Representante do “braço forte” e da “mão amiga” do Exército Brasileiro, obviamente que Pazuello seria convocado para depor. Afinal, foi ele o ministro da Saúde mais longevo. O que avalizou todas as determinações do presidente – incluindo a rejeição das vacinas e do uso de máscaras.

Seria o momento de o oficial honrar as calças que veste e dar provas que o militar brasileiro faz muito mais do que simplesmente pintar meio fio e cortar grama. Mostrar coragem e defender com altivez todas as decisões que ele tomou enquanto ministro. Pazuello, porém, ficou com medo. Dias depois de ter cometer uma ousadia irresponsável ao passear num shopping sem máscaras, disse não ter condições de comparecer porque podia estar infectado. Depoimento remarcado, sem problemas. Mas o medo não desapareceu. O temor, agora, é de falar. E ser preso. 

Eduardo Pazuello é a síntese do governo Bolsonaro. Incompetente, irresponsável, genocida, trapalhão e covarde.

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