Cinco cenários sobre o golpe dos bolsonaristas

Procurei amigos bolsonaristas para responder se vai ter ou não vai ter golpe. Não encontrei os amigos. Procurei bolsonaristas aleatórios nas redes sociais. Não encontrei ninguém que topasse responder objetivamente. Talvez seja porque nenhum bolsonarista tenha coragem de apoiar o golpe antes de o golpe dar certo?

Cinco cenários sobre o golpe dos bolsonaristas

O presidente da República, Jair Bolsonaro recebe cumprimentos de oficiais-generais promovidos, em cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil / Reprodução livre.

João Eurico Aguiar Lima

Gostaria de começar esse artigo com a seguinte frase: tenho perguntado a meus amigos bolsonaristas se Bolsonaro vai dar o golpe ou não vai?

Mas não consigo começar com essa frase. Não tenho mais amigos bolsonaristas dispostos a argumentar. E que baseiam seus argumentos em fatos. Que sigam alguma lógica, qualquer que seja essa lógica.

Então o jeito é pentelhar bolsonaristas nas redes sociais. Pergunto na chincha! E aí? Bolsonaro vai dar o golpe ou não?

A maioria não responde e achei isso bem interessante. Parei para refletir e entendi ser conveniente não responder e deixar registrado para toda a história o seu apoio ou repúdio a um eventual golpe. Brasil acima de todos tem limite. Nenhum bolsonarista vai apoiar o golpe antes de o golpe dar certo. Daí o silêncio.

O silêncio é uma boa resposta, senão vejamos. Quais são as alternativas restantes para Bolsonaro?

1) Bolsonaro vence as eleições. A bravata terá dado muito certo. Bolsonaristas estavam todos certos e o resto da civilização humana toda errada. Pode acontecer. Parece um cenário meio sombrio, mas é plausível. Faltam mais de 70 dias, um maluco pode tentar alguma coisa contra algum candidato. Essa vai ser a hipótese em que o adesismo vai ser imenso. Mas tem outra pior.

2) Bolsonaro reconhece a derrota e facilita (ou não) a transição. Ok, forcei a barra aqui em mencionar Bolsonaro e a palavra “facilita” na mesma frase. Derrota é tranquilo. Acontece o tempo todo com Bolsonaro, especialmente na Justiça. Né, Deputada Maria do Rosário? Bolsonarista silencioso nessa hora vai aplaudir e com razão a postura democrática. Ninguem passa vexame. Digo, mais vexame do que já passou.

3) Bolsonaro não reconhece a derrota e aciona a Justiça. Bom, aqui a maioria dos bolsonaristas vai continuar apoiando Bolsonaro na boa. Vai ser a mesma lenga-lenga que rolou por meses lá nos Estados Unidos. Mas ainda assim, tudo bem. Afinal, é um direito de Bolsonaro acionar a Justiça. Se ele vai litigar de má fé, irá responder por isso em tempo. Mas ainda é uma saída honrosa para continuar apoiando Bolsonaro.

4) Bolsonaro tenta dar o golpe e falha. Em todas as opções maiores ou iguais a 1 (nerd detectado) essa é a que vai causar a maior baixa no número de bolsonaristas. Se tem uma coisa que bolsonarista não tolera é derrotado. Mesmo assim, creio que a maioria ainda vai continuar apoiando Bolsonaro! Afinal, derrotado ele já foi muitas vezes e a turma tá junta. Podem crer, existe pouco que Bolsonaro faça que faz essa gente deixar de apoiá-lo. Como diria Donald Trump, Bolsonaro pode atirar através de um fanático apoiador num guarda civil de Foz do Iguaçu em plena Times Square que os bolsonaristas vão continuar apoiando ele. Imagina se uma tentativa de golpe frustrada vai abalar as convicções? Que nada! Bolsonaro vai virar herói com direito a monumento tipo os que os paulistas fizeram depois que perderam em 32.

5) Bolsonaro tenta dar o golpe e consegue. Também é plausível. Para os bolsonarista, seria melhor que a encomenda. Pensa bem. Uma ditadura sob medida comandada por um Bolsonaro. O que vai ter de criança sendo batizada com nome de Jair entrará para a história. Vai bater o Médici com duas voltas de vantagem. Essa vai ser a que vai trazer mais bolsonaristas ao Bolsonarismo. Aí a turba vai rasgar a fantasia, tirar a peruca, saltar das tamancas e assumir para a galera na geral. Sou fascista sim e venci. E se preparem porque nós vamos atrás de vocês, como já demonstrou o Deputado Estadual Rodrigo Amorim em julho.

Silêncio fala. E muito.

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