O capitalismo e as seis lições de Mises

Ludwig Von Mises tem muito a nos ensinar sobre o papel do capitalismo e como não há caminho para a prosperidade fora do trabalho e do mercado livre.

Rafael de Menezes

Ludwig Von Mises foi um dos maiores economistas do séc. XX e, numa série de palestras em Buenos Aires, deixou preciosas lições aos defensores da liberdade econômica em todo o mundo.

O sucesso no capitalismo depende do quanto o produto vendido agrada ao consumidor; se o rei de um país conserva o trono para sempre, o rei do chocolate ou do automóvel só conserva seu prestígio no mercado enquanto o concorrente não oferecer um serviço melhor e mais barato. Uma grande empresa conserva seu poder apenas enquanto tiver clientes, e não é o patrão que paga o salário dos seus empregados, mas o consumidor ao adquirir os produtos daquela empresa; quem manda na economia de mercado são os consumidores, estes são os patrões a serem mimados pelos fornecedores.

Até a revolução industrial, roupas e objetos eram caros, feitos em pequena escala para a elite da sociedade; a invenção da máquina a vapor fez brotar inúmeros negócios capazes de fabricar bens mais baratos e acessíveis a todos, através da produção em massa, destinada a todas as classes.

O desenvolvimento do capitalismo permite que cada homem tenha o direito de servir melhor o seu cliente, por isso mesmo um monopólio invejável como o ferroviário no séc. XIX, perdeu espaço para a invenção do carro e do avião no séc. XX; sem dúvida, quando o trem foi inventado há duzentos anos, sepultou as viagens a cavalo, e nunca se imaginou que no século seguinte, aviões e carros seriam ainda mais populares que trens.

Populistas insistem que a vida do trabalhador é árdua no capitalismo, como se a rotina do cidadão fosse próspera na Idade Média, época em que as pessoas viviam miseráveis nos subúrbios e morriam jovens; têm mais: antes do capitalismo, o cidadão herdava seu status do pai e o conservava por toda a vida, inexistia ascensão social.

As primeiras fábricas, embora em condições pesadas de trabalho, foram as que passaram a suprir alguma necessidade de seus trabalhadores, melhorando a condição de todos ao longo das décadas; em todo país capitalista as condições do povo melhoram de maneira inédita no século XX.

O capitalismo trouxe fartura e o fruto da acumulação ao longo do tempo trouxe mais prosperidade, pois as pessoas não consomem tudo que produzem, a poupar e investir as sobras em novos negócios. A fartura do capitalismo trouxe também mais instrução, e tratamentos contraceptivos permitiram às mulheres ter menos filhos, e investir em educação e lazer, num aumento do padrão de vida. Nas últimas décadas, a fartura do capitalismo levou empresários a investir em outros países, criando negócios para ganhar dinheiro em regiões ainda carentes de serviços já presentes na Europa ou EUA. Prova disso é a ascensão econômica do leste europeu, Rússia, China e Índia.

Tais investimentos estrangeiros tendem a melhorar a industrialização e vida em todo o planeta, mas ninguém vai empreender em país sem regras claras, sem segurança jurídica, sem Judiciário independente e caso exista risco do governo tomar seu negócio.

O que é economia livre? É a economia do mercado, este processo pelo qual, ao vender e comprar, ao produzir e consumir, as pessoas contribuem para o funcionamento da sociedade, uns a depender dos outros, a servir e ser servidos. A liberdade econômica permite às pessoas escolher sua carreira e dispor do seu patrimônio; a liberdade de imprensa é também relevante, mas sem liberdade econômica, de que adianta um jornalista ter independência para escrever, se os jornais serão todos controlados pelo Governo?

Num sistema de economia controlada, tudo depende da “sabedoria” dos políticos, que insistem em impor igualdade na sociedade, embora os homens desde sempre sejam diferentes uns dos outros; o capitalismo permite que os mais curiosos, astutos e empreendedores inventem produtos, satisfaçam o consumidor, movidos pelo lucro; estes empreendedores são os “loucos”, afinal se sua ideia não falhar, é porque não ousou bastante.

O Governo tem papel relevante na sociedade para proteger as pessoas contra criminosos, garantir a propriedade privada, o respeito a contrato, proteger o país de inimigos externos, preservando a economia livre, sem interferir no mercado.

Existe uma terceira via entre capitalismo X socialismo? Não! Trata-se de um contrassenso, porque um intervencionismo estatal no mercado sai de controle, cria cartéis, estimula corporações, encoraja grupos de pressão, e as categorias melhor organizadas saberão pressionar mais os políticos para obter privilégios às custas da sociedade. Numa economia planejada, torna-se mais rentável ter relações nebulosas com os políticos, do que ter criatividade para empreender.

Populistas inspirados pelo costume milenar do rei, de que um ser ungido, enviado de Deus, teria poderes de resolver os problemas da sociedade, acreditam que alguma intervenção do Governo no mercado seja necessária, porém tal intervenção, como já disse, sai do controle, vai aumentando até o socialismo imperar, com o controle de tudo pelos políticos, e em seguida o caos da inflação e desabastecimento.

Com esse mesmo pensamento mítico e sobrenatural do monarca, um inculto acredita que o governo é uma instituição com recursos ilimitados, porém, se é dever do cidadão manter o governo, não é dever do governo manter os cidadãos; estes trabalham e vivem no mercado, e pagam impostos para que Estado lhes dê segurança e garanta sua propriedade e seu comércio. O governo precisa ter orçamento equilibrado, cabendo ao intelectual esclarecer o povo e impedir uma política estatal inflacionária, que imprima moeda para financiar a máquina pública.

Fato é que mais e mais pessoas em todo o mundo têm já o bastante de muitas coisas, vivem mais e trabalham menos, usam as ideias e não a força para convencer o outro; esqueça atalho: não há caminho para a prosperidade fora do trabalho árduo e do mercado livre. Vamos combater as ideias más, que confiscam a propriedade e controlam preços, para isso é fundamental divulgar as ideias boas, esclarecendo os cidadãos sobre o que funciona; sou otimista com o futuro da liberdade, da economia e da prosperidade.

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