A separação entre solidariedade e projeto social

Ao ler a biografia de Victor Hugo, lembro o quanto estamos esquecendo da importância do coletivo para ações sociais que busquem uma realidade em que a solidariedade se torne desnecessária.

Amanda Thalita
Solidarieade e projetos sociais
Cosette, por Émile Bayard, ilustração da edição original de 1862. Imagem em domínio público.

Entrei em uma onda psicótica por biografias de figuras importantes, talvez para minha construção como ser humano e melhor entendimento sobre solidariedade. Em meio a pesquisas, encontrei um vídeo da Tatiana Feltrin sobre a biografia de Victor Hugo.

O vídeo por completo é cheio de discussões relevantes, mas um comentário da Tatiana me fez refletir por dias. Na introdução à edição de “Os miseráveis” da editora Martin Claret, Jean Pierre Chauvin reforça o caráter solidário do autor. Tatiana conta em seu vídeo que Hugo surfava na onda que mais lhe desse reconhecimento. Era um narcisista.

Mas as obras de Victor Hugo não falam sobre ações solidárias individuais. O bispo do maior romance do autor chega a dizer que distribuir migalhas não irá reformular o sistema da França.

O individualismo está sujeito ao orgulho e não tem efeito prático na organização desigual de um povo. No mundo de apontamentos de dedo criado pela internet, esquecemos a importância do coletivo para ações sociais que busquem uma realidade em que a solidariedade seja desnecessária.

Pouco importa se Victor Hugo fazia caridade em busca de reconhecimento ou sequer se fazia caridade. Victor Hugo morreu em 1885 e o que ele fez enquanto indivíduo não tem reflexo no hoje, mas suas discussões a respeito da estrutura do governo francês no século XIX não foram relevantes apenas para mudanças profundas na sociedade francesa, mas para a ressignificação da ideia de monarquia no mundo ocidental.

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