O poder pedagógico da violência
A produção artística de violência explícita é pauta na imprensa há anos. É também parte do cinema, da literatura, das artes plásticas e da música.
O personagem Zé Pequeno no filme Cidade de Deus (2012). Foto: reprodução de tela.
Em Cidade de Deus, o traficante Zé Pequeno atira em uma criança em uma das cenas de mais violência do cinema brasileiro. Talvez a maior distopia da história da literatura, o livro 1984 de George Orwell dedica mais de 50 páginas a um relato de torturas físicas e psicológicas executadas por um governo ditatorial.
A produção artística de violência explícita é pauta da mídia conservadora há anos. Vale recordar a campanha inflamada da emissora RecordTV contra jogos de tiro populares entre jovens, relacionando-os a episódios de massacres em escolas, como o ocorrido no Rio de Janeiro em 2011.
Descobrimos que a arte é intrínseca à espécie humana nos primeiros anos da escola por meio de imagens de pinturas rupestres produzidas até 45 mil anos atrás. A violência é parte na reprodução da vida no cinema, na literatura, nas artes plásticas e na música.
O preciosismo presente em alguns setores da sociedade recusa o choque perante a violência como elemento pedagógico, mas o lado dramático, afetivo e pouco racional do Homem mostra quão didático o estarrecimento pode ser.
Não há como negar que, mesmo depois de avanços tecnológicos antes impensáveis, a humanidade não chegou ao desenvolvimento completo de seu lado racional a ponto de esquecer seu aspecto emocional. Não viramos robôs. A doutrina filosófica do empirismo fala, desde os tempos de Locke, sobre a importância dos sentidos no processo de construção do conhecimento. É sobre isso que falo aqui.
O choque da violência explícita em produções artísticas sempre existiu porque sempre se fez necessário para construção de novas ideias e reforço de valores cultivados socialmente. As artes não nasceram em nome da beleza, não são feitas para agradar aos olhos, são produzidas para gerar ideias.
2 Comentários
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top 10 amigas fodas
que incríveeeeeel!